27.6.11

UM DIA APÓS A PARADA DO ORGULHO GAY É ANUNCIADO O DIA DO ORGULHO HERERO

Um vereador evangélico de São Paulo que sempre disse ser contra a Parada do Orgulho Gay obteve uma vitória importante na semana passada. Carlos Apolinário (DEM), pastor da Assembleia de Deus do Ministério do Brás, conseguiu aprovar e discutir em plenário um projeto que cria o Dia do Orgulho Heterossexual, com direito a desfile na rua e tudo, marcado para o segundo domingo de dezembro.
Em cultos, Apolinário diz que ser gay é coisa do demônio e que o desfile de hoje é uma afronta à moral e aos bons costumes. No entanto, ele nega que seja homofóbico e que o projeto tenha a ver com religião. "Não misturo Igreja com política. Aqui, na Câmara, eu sou o vereador Carlos Apolinário e, na Assembleia de Deus, sou um religioso. E isso é uma coisa extremamente particular", disse o vereador.
Quando o projeto surgiu, há 3 anos, foi encarado como piada. No entanto, aos poucos, a ideia passou a ganhar simpatia e apoio de outros vereadores evangélicos e católicos. A proposta chegou a entrar em regime de urgência para ser votada. "O Dia do Hétero é uma forma de dizer que nós queremos um mundo melhor para todo mundo. Há discriminação contra o nordestino, contra o rico, contra o pobre, contra o evangélico", justifica o vereador. "Tiraram a Marcha para Jesus da Avenida Paulista e deixaram os gays, isso é um absurdo. Não sou contra os gays, sou contra o lugar do evento", argumentou Apolinário. O ex-tucano Juscelino Gadelha (sem partido) disse que é até a favor do projeto, mas admitiu ter receio de criar um clima desnecessário de animosidade.
Local inadequado
Um dos maiores argumentos de Apolinário para destituir a Parada Gay da Avenida Paulista são dois documentos com timbres da Prefeitura de São Paulo e do Ministério Público assegurando que o local não é apropriado para eventos que concentrem multidões. Segundo as duas instituições, existe na região da Paulista um circuito de hospitais, como o Sírio-Libanês e outros 32 de grande porte, que ficam prejudicados quando as vias são interditadas.
Foi justamente por conta desse argumento que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Marcha para Jesus nunca mais conseguiram autorização para realizar manifestações na avenida mais importante da cidade. "Qual é a justificativa para manter a Parada Gay na Paulista? Para mim, não existe", sentencia o vereador. O projeto polêmico ainda precisa passar por uma segunda votação para seraprovado definitivamente.

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