A semana foi marcada pela divulgação da nova música de Chico Buarque, Querido Diário, que traz o lamentável verso “Amar uma mulher sem orifício”. Em solidariedade ao compositor carioca, e por aquele sentimento já adequadamente batizado de “vergonha alheia”, o site de VEJA reuniu catorze infames passagens da MPB. Vale dizer que nem todas as pérolas produzidas pelo cancioneiro popular brasileiro se devem a um problema de embocadura. Como o livro inglês An Anthology of Bad Verse demarcou já em 1930, há aquele verso que é ruim, ruim (o bad bad verse) e o bom verso ruim (o good bad verse). Ao primeiro tipo, se afiliam aqueles que penam para fazer algo de qualidade, e raramente conseguem. Ao segundo, os que entendem do riscado, mas tropeçam no gosto ou numa ideia estúpida - e são esses os que fornecem os mais versos mais gritantemente ruins, caso do autor de Roda Viva. Confira os trechos mais infames da MPB e decida, por conta própria, em que grupo cada verso se encaixa.
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Ary Barroso
O que não se faz pela métrica, pode-se perguntar quem encontra o óbvio ululante na letra de um compositor de recursos como Ary Barroso. O que não se fazia também para atender às orientações, feitas na era Vargas, de criar odes à nação, pode-se acrescentar. Seja como for, é uma sorte que o coqueiro citado em Aquarela do Brasil dê coco e não outra fruta. Ou talvez nem se pudesse amarrar ali uma rede nas noites claras de luar.
Fonte: revista veja
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