29.6.11

Exclusão da corporação seria pior que levar tiro, diz bombeiro após anistia


Categoria comemorou projeto de lei que prevê anistia aos mais de 400 presos.
Projeto será enviado a Cabral, que prometeu sancionar a lei, segundo Alerj.

Tássia ThumDo G1 RJ
Bombeiros comparecem a sessão na Alerj (Foto: Tássia Thum/G1)Bombeiros acompanharam votação na Alerj
(Foto: Tássia Thum/G1)
“Ser excluído da corporação é pior que levar um tiro”. É assim que o sargento Amaral definiu o sentimento de quem ficou preso e desde então vivia na incerteza de continuar no Corpo de Bombeiros até a aprovação da anistia administrativa na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira (28). Ele e outros mais de 400 bombeiros foram presos após a invasão ao quartel geral da corporação, no Centro do Rio, no último dia 3.
Amaral foi nesta terça-feira (28) à Alerj acompanhar a votação da anistia e comemorou a aprovação do projeto de lei por 60 deputados, que deverá ser sancionada pelo governador Sérgio Cabral nos próximos dias. O projeto prevê ainda anistia a dois policiais militares que também foram presos na invasão.
Sargento e irmãos bombeiros presos
O sargento disse que além dele, seus dois irmãos bombeiros também foram presos após ocupação ao quartel central. Ele contou que viveu dias horríveis longe da família, enquanto estava preso no quartel de Charitas, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
O sargento Amaral, do Corpo de Bombeiros, comemora o projeto de lei que prevê a anistia, junto com a esposa Márcia Rodrigues (Foto: Tássia Thum/G1)O sargento Amaral comemora o projeto de lei junto
com a esposa Márcia (Foto: Tássia Thum/G1)
“Por muitas vezes chorei escondido quando estava preso. Não queria que meus dois irmãos mais novos me vissem daquele jeito. Somos filhos de bombeiro e sempre sonhamos com essa profissão”, desabafou Amaral, que tem o símbolo da corporação tatuada no braço e, em agosto, completa 21 anos como guarda-vidas.
Segundo Amaral, seus dois filhos sonham em seguir a carreira do pai e do avô. Enquanto o sargento estava preso, sua esposa, Márcia Rodrigues, recolheu assinaturas pedindo a anistia e a liberdade do marido.
Alívio, diz bombeiro
O cabo André Matos, de 29 anos, também comemorou a decisão com um abraço no colega de profissão Raul Brilhante. O cabo classificou como um “alívio” a votação unânime para a anistia dos bombeiros.
Bombeiros se abraçam após decisão unânime de projeto de lei (Foto: Tássia Thum/G1)Bombeiros se abraçam após decisão unânime de
projeto de lei (Foto: Tássia Thum/G1)
“Vários amigos foram presos. Muitos estavam temendo sofrer represálias, demissões e quedas salariais. Esse é o primeiro passo, agora podemos dizer mais ainda que não daremos nenhum passo para trás”, falou André.
Os bombeiros aguardam a aprovação da anistia criminal, que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília. A categoria não ficou satisfeita com a antecipação de 5,58% de reajuste salarial, também aprovado nesta terça-feira na Alerj.
“Ainda estamos confiantes na elevação do salário do soldado para R$ 2 mil líquido. A causa dos bombeiros ganhou a sociedade civil, agora espero também que sensibilize o governador”, discursou André.
Aprovação de projeto de lei
Os deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovaram, na noite desta terça-feira (28), o projeto de lei 644/2011, que concede anistia administrativa aos mais de 400 bombeiros e a dois PMs presos após a invasão ao quartel central da Corpo de Bombeiros, no último dia 3. Isso significa que eles não poderão ser punidos pela corporação.
O projeto de lei foi aprovado por unanimidade pelos 60 deputados presentes e seguirá para sanção do governador Sérgio Cabral, que já prometeu sancioná-lo, segundo o presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB).

Paulo Melo adiantou ainda que o governo já acenou também para a possibilidade de dar o vale-transporte, uma das principais reivindicações da categoria. No entanto, ele não confirmou de onde sairá o recurso para o pagamento.

O deputado informou também que a questão deverá ser conduzida pelo secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões.
Projeto
Em nota oficial divulgada na noite desta terça-feira, a Alerj informou que o projeto de lei 644/2011 é de autoria de 50 deputados. Os 12 deputados estaduais da base apelidada de "pró-bombeiros" não foram incluídos na autoria do projeto, o que causou insatisfação ao grupo. Antes da votação, os deputados da base governista trocaram farpas com os representantes da oposição.
Muitos bombeiros que compareceram ao plenário da Alerj para acompanhar as votações comemoraram a decisão, cantando o hino da corporação e gritos de guerra. Eles foram ao plenário com camisas vermelhas e cartazes pedindo a anistia criminal e administrativa aos mais de 400 colegas que foram presos.
Reajuste de 5,58% e Funesbom
Mais cedo, os deputados aprovaram a antecipação para julho do reajuste de 5,58% para os bombeiros e funcionários do setor da segurança do estado, como policiais militares e civis, que também será encaminhado para a sanção de Cabral. Anteriormente, o projeto havia recebido 32 emendas, mas nenhuma delas foi aprovada.
Também foi aprovado o projeto de lei que modifica a finalidade de uso do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom). Com isso, parte do fundo pode ser usado para pagamento de gratificações aos bombeiros. Antes, o fundo era utilizado para a compra de equipamentos para a corporação. O projeto, que foi aprovado com o texto original, também seguirá para a sanção do governador.
No entanto, os bombeiros são contra as gratificações e querem o aumento do piso salarial de R$ 950 para R$ 2 mil líquido. E também reivindicam o vale-transporte.
Senado aprova anistia
Carreata dos bombeiros no Rio (Foto: Bernardo Tabak/G1)Pelo menos 100 carros de passeio participaram do
protesto dos bombeiros (Foto: Bernardo Tabak/G1)
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, no dia 22, um projeto de lei que anistia os bombeiros do Rio de infrações previstas no Código Penal Militar e no Código Penal. O projeto de lei foi aprovado em caráter terminativo (sem necessidade de ser aprovada em plenário) e segue para análise da Câmara dos Deputados. Se aprovada pelos deputados, a proposta vai à sanção presidencial.
No último domingo (26), centenas debombeiros fizeram uma passeata pedindo a anistia criminal e administrativa. Professores da rede estadual de ensino, policiais militares e funcionários públicos também participaram do protesto. Depois da caminhada, os bombeiros fizeram uma carreata da Zona Sul a Zona Oeste.
Fonte: portal g1.com

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