O dinheiro pertencia à dona de casa Severina Lima Hügi, 42 anos, oradora do Jardim Jordão, no Jaboatão dos Guararapes, que pegou um táxi perto do Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre e deixou cair uma pochete com cerca de 15 mil francos suíços (aproximadamente R$ 26 mil). A quantia equivale a oito vezes a renda do taxista Eládio Orlando Oliveira Amorim, 34 anos. Ele encontrou o dinheiro e devolveu à passageira o pacote que continha, além dos francos, R$ 1 mil, alguns euros, um relógio de ouro, dois passaportes, outros documentos e bombons íços.
Eládio trabalha como motorista há sete anos e está acostumado a encontrar objetos deixados no banco traseiro de seu Corsa branco. ´Os passageiros esquecem de tudo, desde bolos de aniversário a computadores. Uma vez, um casal de estrangeiros esqueceu o filho de cinco meses no meu carro`, contou. Segundo o taxista cearense, cerca de 70% dos objetos encontrados no táxi são devolvidos. ´Só não devolvo o que não consigo, como peças de roupa e canetas, mas tudo que tem identificação volta para o dono`, explicou.
Na quarta-feira de cinzas, ele passava pela Avenida Mascarenhas de Moraes, na Imbiribeira, quando Severina pediu parada. Ele a deixou em casa e só percebeu no fim do dia que ela havia esquecido a pochete no carro. O taxista só conseguiu localizar a passageira porque ela deixou uma agenda em alemão com algumas fotos. ´Olhei algumas imagens e consegui reconhecer a mulher que eu tinha deixado no Jardim Jordão. No dia seguinte, voltei ao local onde ela tinha descido, a encontrei e devolvi tudo`.
O dinheiro poderia pagar as dívidas do taxista e ainda sobrava para comprar objetos que faltam na casa onde mora com a mulher, Alda de Souza, e com o filho, Erik, de 5 anos. ´Só que eu não podia ficar com coisas que não são minhas, por mais necessárias que elas fossem`, justificou. Para Eládio, a devolução do dinheiro não deveria ser vista como uma atitude rara. ´Não fiz mais do que minha obrigação enquanto ser humano. Todos deveriam fazer o mesmo`, finalizou.
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