18.3.11

DEU NO DIARIO DE PERNAMBUCO DE HOJE 18/03/2011

A partir de hoje, os 34 corpos que aguardam liberação no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife começarão a ser entregues às famílias sem a realização de necropsias. A decisão foi tomada ontem pela manhã pela diretoria do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), que interditou parte do IML por falta de condições de trabalho. O problema é que a decisão de classe pode colaborar com o aumento da impunidade no estado. Todos os cadáveres serão liberados pelos médicos legistas com um laudo único: óbito por causa indeterminada. A perícia médica, no entanto, é imprescindível para o andamento do inquérito policial que apura os homicídios.



Parentes que aguardam a liberação dos corpos na recepção do IML estão revoltados com decisão dos legistas Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
O governo estadual, responsável pelo IML, espera que a Procuradoria Geral do Estado declare hoje a ilegalidade da interdição. O Diario procurou a Secretaria de Defesa Social, para questionar sobre a existência de um plano ´B`, como a contratação temporária de médicos legistas de outros estados. Mas a resposta foi negativa, o que só agrava a angústia de quem espera pela liberação de corpos de parentes. 

O administrador Yuri Andrade, 32 anos, espera para hoje a saída do corpo do irmão Uiru Lobo de Andrade, que morreu na última terça-feira. Uiru foi encontrado dentro de uma sala, na empresa onde trabalhava. Como ele sofria de epilepsia, a principal hipótese é de morte natural. Mas um homicídio ainda não foi totalmente descartado. ´O IML vai inocentar um monte de bandidos se os médicos não realizarem as necropsias`, desabafou Yuri. 

Segundo o procurador criminal Fernando Barros, os legistas poderão ser processados por falsidade ideológica, cuja pena varia de um a cinco anos de prisão. ´Se até um leigo vê uma perfuração por bala no corpo, como o médico vai assinar um laudo onde a morte é indeterminada?`, disparou. Sem a necropsia, a polícia vai ter que pedir à Justiça a realização de exumação (quando o corpo da vítima é retirado do túmulo para exames). 

Esse processo vai atrasar as investigações. Foi por isso que o Procurador Geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, pediu ao Cremepe a prorrogação do prazo de vigência da resolução para a próxima segunda-feira, data em que o governo do estado prometeu resolver 80% dos problemas de manutenção do Instituto. Mas os médicos, que estão em campanha salarial, foram irredutíveis. Na segunda, às 10h, o Cremepe vai conferir de perto as condições do IML. 
FONTE:www.diariodepernambuco.com.br

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