Acaba a operação padrão
Os médicos legistas decidiram ontem à noite pôr fim à operação-padrão para liberação de corpos que completaria duas semanas nesta sexta-feira. A assembleia, que terminou por volta das 23h15, deliberou pela aceitação do reajuste proposto pelo governo, que varia entre 14,51% a 32,95%. A data-base é o mês de junho. Com essa decisão, os médicos cobram ampliação da estrutura no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), na Cidade Universitária, para ter condições de acelerar a liberação dos corpos. Ontem, já havia casos de decomposição, devido à demora e mau acondicionamento dos mesmos.
Outra decisão da assembleia é que o serviço de perícia traumatológica deverá ser normalizado hoje, na área que não havia sido interditada pelo Cremepe, na semana passada. ´Os legistas não aceitam serem transferidos para a estrutura da Secretaria de Saúde, para não haver perda salarial. Queremos permanecer vinculados à SDS até junho, quando planejamos definir um Plano de Cargos, Carreiras e Salários específico para a categoria`, disse o presidente da Associação Pernambucana de Medicina e Odontologia Legal (Apemol), Carlos Medeiros. Outro ponto inegociável é a manutenção da jornada de trabalho de 30 horas semanais e manutenção dos quinquênios. Nova assembleia foi marcada para a próxima segunda-feira, às 19h, na sede da Apemol, para avaliar a resposta do governo.
Ontem, o governo do estado havia anunciado ter chegado ao limite. O secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, prometeu convocar médicos legistas da Polícia Militar e do Exército para garantir a agilidade na liberação dos corpos. Os legistas alegavam ontem que a falta de local correto para guardar os corpos estava provocando decomposição. O governo tinha cogitado, inclusive, que se os médicos militares não conseguissem suprir a demanda, haveria a possibilidade de contratar profissionais de outros estados de forma temporária.
´O governo não vai ficar de braços cruzados diante dessa situação. Vamos tomar as providências necessárias para garantir o atendimento da população a esse serviço que é essencial`, afirmou Tadeu Alencar antes da assembleia realizada ontem à noite, quando os legistas pernambucanos analisaram a proposta de reajuste salarial feita ainda na noite da última segunda-feira, durante reunião na Casa Civil.
A orientação do Cremepe era de que cada um dos cinco legistas do plantão realizasse quatro exames, totalizando 20 corpos liberados por dia. Mas isso não aconteceu ontem. De acordo com informações da SDS, dos 43 cadáveres que deram entrada no SVO desde a última sexta-feira, 39 já haviam passado por necropsias. O Ministério Público de Pernambuco havia sinalizado ontem que iria autorizar a liberação de corpos em adiantado estado de decomposição sem a realização das necropsias. Para minimizar os prejuízos às investigações policiais, a Justiça poderia determinar a exumação.
Os médicos defenderam ontem, durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, que o órgão deve deixar de fazer parte da Polícia Civil para funcionar de forma mais independente. Diante do questionamento, uma comissão está sendo formada para que três deputados possam viajar ainda este mês aos estados do Ceará, Amapá e Pará. Nesses lugares, o IML funciona de forma autônoma. A ideia é trazer os exemplos de sucesso para Pernambuco e tranformá-los em lei.
Hoje existem apenas 70 legistas trabalhando em Pernambuco. De acordo com a Associação dos Médicos Legistas de Pernambuco (Apemol), esse número deveria chegar a 300.
Fonte:www.diariodepernambuco.com.br
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