Talvez quem não habite o mundo virtual de Twitter e afins não saiba que Jorge Kajuru segue mais ativo do que nunca, disparando sua "metralhadora" de opinião com a contundência de sempre. O veterano comentarista continua no pé de gente graúda do esporte e, desiludido com a cartolagem, promete torcer contra o Brasil na Copa de 2014. Feliz em seu atual espaço de atuação profissional, desconsiderou recentemente oportunidade para voltar ao cenário nacional ao recusar uma proposta da Record.
Aos 50 anos, Kajuru diz viver no Rio de Janeiro um dos melhores momentos da vida, após recuperação de um período grave de saúde e curtindo o clima de liberdade no Esporte Interativo, jovem emissora de programação esportiva transmitida em internet, canal aberto (São Paulo), UHF e cabo em diversas praças do Brasil.
Fora isso, Kajuru se esforça para espalhar sua opinião através da web, com todos os recursos conhecidos, de vídeos a mídias sociais.
O UOL Esporte conversou com o popular e polêmico ex-comentarista de Bandeirantes, RedeTV! e SBT e ouviu palavras de entusiasmo sobre a fase da carreira e de descrédito em relação ao futebol, dentro e fora das quatro linhas. Confira:
RECUSOU IR À RECORD PARA SEGUIR DATENA
Recentemente o apresentador José Luiz Datena trocou a Bandeirantes pela Record em uma transação milionária (já fez o caminho de volta após somente 43 dias). Mas, no pouco tempo em que esteve na nova emissora, o jornalista abriu portas para a contratação do amigo Kajuru, que, apesar da oferta polpuda, se recusou a negociar por gratidão ao Esporte Interativo, sua casa atual.
"Recebi uma proposta financeira incomparável com o que ganho no Esporte Interativo. Tudo por causa do Datena. Mas ele ficou só 43 dias lá, acabei dando sorte. Eu só saio (do Esporte Interativo) se for para fazer um talk show, com plateia universitária. Mas tem que ser plateia inteligente, que não faça pergunta medíocre".
"É o meu melhor momento, depois da recuperação de um período grave que tive com a diabetes. Tenho uma gratidão enorme pelo Esporte Interativo. Foi a única emissora que foi lá no hospital, no Instituto Neurológico de Goiânia, para me contratar. Eu não juntava nem três palavras, estava fora de órbita. Acabei acertando contrato de dois anos".
TORÇO CONTRA A SELEÇÃO EM 2014
Conhecido antagonista dos poderosos do futebol dentro da imprensa, Jorge Kajuru diz que não se entusiasma com o retorno da Copa ao país após 64 anos. Crítico da gestão Ricardo Teixeira na CBF, o apresentador promete torcer contra a seleção em 2014, na expectativa por um fracasso como o de 1950 diante do Uruguai.
"O futebol não me dá tesão. Eu torço contra a seleção enquanto essa escumalha estiver por aí. Se tiver Brasil contra Indonésia, eu sou Indonésia. Eu torço por um Maracanazo 2. Torço para a Argentina ganhar da gente na final, de preferência com o Ricardo Teixeira sendo linchado pela torcida".
"É raro eu ver bom futebol. É coisa de cinco vezes por ano. Algo como Flamengo x Santos, esse amistoso do Messi e do Romário. Hoje em dia é ver a boa fase do Ronaldinho, esse time do Santos, o Barcelona com o time que tem. Mas eu não tenho saudades de ir ao estádio, até porque hoje em dia nem enxergo a bola".
NOVA VIDA NO RIO: BOA FASE COM AS MULHERES
Recuperado de graves problemas de saúde, o jornalista de 50 anos experimenta um novo momento com a mudança para o Rio de Janeiro, onde comanda o "Kajuru Sob Controle" na TV Esporte Interativo. O comentarista celebra as circunstâncias atuais de vida e trabalho, exaltando a liberdade na atual emissora, as atrações da rotina carioca e a boa fase com as mulheres.
"100% de liberdade editorial você não tem em nenhuma emissora do Brasil. Mas eu diria que no Esporte Interativo encontrei a maior felicidade da minha carreira. Nunca encontrei um lugar tão bom para fazer o tipo de programa que eu queria, para ironizar, gozar. Para chamar bandido de bandido ironizando".
"No Rio ganhei qualidade de vida. Não tem aquela coisa de São Paulo, de levar seis horas no trânsito até o trabalho, do mau humor de gente da redação, onde você sabe que tem gente mau caráter, da pior qualidade, jornalista que é assessor de jogador".
"Antes a mulher procurava o Kajuru, agora está procurando o Jorge. Aqui no Rio a mulher está cagando sobre o quanto você ganha. Ela quer sair, tomar um chope, transar, fazer amor. É um outro mundo".
DEMISSÕES NA TV: CABEÇA PEDIDA POR PODEROSOS
Kajuru diz que a indisposição com poderosos do país abreviou sua passagem dentro de três grandes emissoras de TV. Segundo ele, o dirigente Ricardo Teixeira interferiu pessoalmente para que o jornalista fosse demitido de Bandeirantes, Record e SBT (nesta última, diz ter encontrado o melhor ambiente de trabalho da vida). O comentarista também relata que o senador mineiro Aécio Neves teria pedido sua cabeça na Band.
- Jorge Kajuru em 2003, na época em que era uma das estrelas do esporte da Rede Bandeirantes
"Eles são rancorosos. Como dizem, guardam rancor no freezer. Fui demitido de três emissoras por causa do Ricardo Teixeira. E não é coisa que eu acho. Eu ouvi isso dos donos das três emissoras".
"Só na Band que foi também por causa do Aécio Neves. Foi no dia do Brasil x Argentina no Mineirão, em 2 de julho de 2004 (nas eliminatórias). Tinha deficiente físico que estava criticando ele porque não estava conseguindo entrar. Eu estava entrando ao vivo do estádio e falei isso. O Johnny Saad (presidente da emissora) me contou (sobre o pedido de Aécio)".
AMIGOS FAMOSOS E FIÉIS
Depois de passagens por grandes emissoras do país, de superar instante delicado de saúde e de enfrentar uma lista considerável de dívidas (16 ao todo, segundo o jornalista), Kajuru comemora a preservação da relação com os amigos mais próximos. Uma escalação de primeira, com gente do futebol, da imprensa e das artes.
"Tenho o Datena, o Ivan Lins, o Sócrates, o Juca Kfouri, que é um amigo-pai. O Nasi. É tudo amigo de 25 anos. Amizade nova é coisa rara. Sou amigo do Ronaldo, goleiro do Corinthians, do Xico Sá, que vem aqui passar final de semana comigo, do Otávio Augusto, do Raimundo Fagner".
Fonte: www.esporte.uol.com.br
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