Conheça o Centro de Operações Especiais, futura casa do Bope
Complexo policial em local estratégico do Rio reunirá unidades de elite da PM, com estrutura para helicópteros e barcos
O comandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), baseado em Laranjeiras, não vai mais precisar “passar um rádio” ou ligar para o colega do GAM (Grupamento Aéreo e Marítimo) acionar um helicóptero, na Lagoa, a quilômetros dali, para uma operação. A partir do segundo semestre do ano que vem, Bope, GAM e outras unidades especiais da Polícia Militar do Rio serão vizinhas, a 100 ou 200 metros de distância, integradas no moderno COE (Centro de Operações Especiais). O complexo vai ser construído para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Com orçamento de R$ 150 milhões e criado a partir de compromisso assumido com o COI (Comitê Olímpico Internacional), a base ficará em um ponto estratégico, Ramos (zona norte), próximo ao Aeroporto Internacional do Rio e entre as duas principais vias de acesso ao centro do Rio, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha. A área pertencia ao 24º Batalhão de Infantaria Blindada do Exército e terá capacidade para 1.200 policiais.
Foto: AEAmpliar
Policiais do Bope, que vai ganhar casa nova e instalações para o dobro do atual efetivo
O objetivo do COE é otimizar a logística de deslocamento das unidades de operação, passando a concentrá-las no mesmo espaço de 218.000 metros quadrados, por serem setores especiais e complementares. Um centro de gerenciamento de crise, comando e controle, vai servir como local agregador de informações e reunirá os comandantes das unidades durante operações.
O COE terá pier para acesso pelo mar e dois pontos de toque – decolagem e pouso – de helicópteros. Somados o hangar para 16 aeronaves e os pontos de toque, a capacidade total é de 18 aeronaves, podendo abrigar helicópteros pesados e sofisticados, como o americano Blackhawk, que transporta até 24 pessoas.
“O centro vai permitir chegar a qualquer lugar do Rio por terra, ar e mar”, afirmou o coronel Pinheiro Neto, futuro comandante do complexo e ex-comandante do Bope.
A nova base vai servir ainda para a expansão das unidades. O Bope, atualmente um batalhão com 400 policiais, tem previsão de dobrar de tamanho até 2016 e, portanto, terá uma estrutura compatível com esse crescimento. A Companhia de Cães, com 90 cães hoje, terá espaço para abrigar 180.
Precariamente alojado no Batalhão de Choque, o Gesar (Grupamento Especial de Salvamento e Resgate) - composto por médicos e paramédicos que atuam em operações - , ganhará novas instalações no centro.
Pacificação de favelas
Outro fator importante da presença de um centro do gênero na localidade é aumentar a sensação de segurança ao redor. Uma conseqüência direta deve ser a pacificação das favelas ao redor, como as do Complexo da Maré, controlada por traficantes, e a Roquete Pinto, dominada por milícia.
“Vamos levar segurança à area. Isso vai alavancar naturalmente o processo de pacificação da favela Roquette Pinto – que vai virar centro de treinamento do Bope – e das outras ao redor, como a Maré. Hoje, é uma região com economia decadente, pela violência. Com a nossa presença, deve haver valorização da região e é possível que empreendimentos voltem”, disse Pinheiro Neto. “Além disso, pôr o Bope, principal força policial do Brasil, em uma área estratégica para o Rio sinaliza que vai promover segurança de quem mora ali e de quem chegar ao Rio por terra e ar.”
A atual sede do Bope, em Laranjeiras, passará a ser usada como sede do Comando de Polícia Pacificadora e da Escola Nacional de Polícia Pacificadora.
Na opinião de Pinheiro Neto, o trânsito carregado daquela área – confluência de vias expressas – não inviabilizará a atuação dessas unidades de pronto-emprego. “Se tudo parar no Rio, podemos sair por ar ou terra. Teremos uma base aérea e uma naval. Não atenderemos apenas aos grandes eventos”, disse.
O complexo terá uma estrutura voltada para o treinamento
Além das sedes das unidades especiais, o complexo contará com o CIEsp (Centro de Instrução Especializada), com pista de obstáculos, cordas, estandes de tiro de precisão com 150 metros e de 50 metros e até uma "casa de tiro", para treinar invasão de ambientes confinados. Os policiais contarão ainda com piscina de 25 metros, com tanque de mergulho de 10 metros de profundidade.
Haverá pista de pentatlo militar e de atletismo, além o redor da unidade, haverá uma pista de corrida para os policiais se exercitarem. Os cães da PM contarão com área especial de treinamento, centro veterinário e canil.
O COE terá auditório para 300 pessoas, biblioteca, alojamentos (só o do Bope deve ter de 100 a 200 leitos), ginásio e refeitório. As construções são baixas e feitas a partir do princípio de sustentabilidade. Cada unidade explicou suas necessidades para a EMOP (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio) fazer o projeto básico do COE.
Nova concepção
O COE será construído com base em uma nova concepção arquitetônica de batalhões da Polícia Militar do Rio. Os quartéis convencionais da PM são assemelhados a instalações militares antigas, com muros altos e precisam de reformas urgentes, de acordo com a própria corporação. Além disso, os futuros batalhões serão fisicamente mais abertos à comunidade, com os muros postos abaixo.
Um dos motivos que tornam as mudanças mais urgentes é o plano de modernização da força, que prevê conexão virtual entre os batalhões, hoje inexistente. "As unidades precisam de grandes reparos estruturais. Alguns precisarão ser reconstruídos, porque não conseguem suportar o grande sistema de trânsito de dados virtuais, a fim de conseguir atender a grandes eventos e à demanda de segurança pública", afirmou Pinheiro Neto.
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