12 de Setembro de 2011
A Polícia Militar de Pernambuco é uma bomba. A qualquer instante ela pode explodir. Diversas associações buscam controlar os militares. Porém, aparentemente, nenhuma tem o apoio unânime dos praças e dos oficiais. Na PMPE existem duas polícias – oficiais e praças. Cada um procura contemplar os seus interesses. O interesse coletivo da instituição não é um bem para todos. O excesso de hierarquias e a falta de perspectiva de crescimento profissional retiram a motivação dos policiais. São diversos os oficiais e praças que desejam sair da PM. Para muitos a PM é um “bico”. O governo construiu uma política salarial para a PM – 10% de aumento anual. O governo possibilitou mais policiais nas ruas. Além de mais viaturas. É indiscutível também que existem mais policiais atuando com apetrechos adequados – coletes a prova de bala, armas. No entanto, existem policiais insatisfeitos. Para esta insatisfação deixar de existir, é necessário reformar a PM. Excesso de hierarquias inibe aumento salarial robusto para a tropa. Além de impossibilitar promoções. Não foi ainda criada no âmbito da instituição militar uma polícia de carreira. Nesta, todos teriam as mesmas oportunidades de ascensão profissional e ganho salarial. Para tal empreitada, é necessária a criação de uma única entrada na PM. Contudo, reconheço que esta mudança institucional seja difícil de ocorrer. Oficiais não admitiriam tal inovação. Por não admitirem a inovação institucional, praças e oficiais buscam cargos para conseguirem gratificação e por conseqüência aumento salarial. Esta busca sempre ocorrerá. E os governos sempre terão em mãos uma bomba que a qualquer instante poderá explodir. O governo fustigou os policiais militares. Não só eles. Mas diversas categorias de servidores públicos quando reconheceu os fazendários como categoria privilegiada do funcionalismo público. Fustigou também no instante em que concedeu merecido aumento aos delegados da Polícia Civil – 42%. Mas não ofereceu, de antemão, percentual semelhante aos policiais militares. Com razão, os militares reconheceram que foram desprestigiados. O governo de Pernambuco determinou acertadamente metas para delegados e oficiais. Estes estão cumprindo as metas estabelecidas. A prova disto é a redução da freqüência de homicídios. Praças estão nas ruas, recebendo as ordens dos oficiais. Por conseqüência, contribuindo para a parcial eficiência da política de segurança do governo. Então, por que os policiais militares não receberam aumento semelhante ao dos delegados? Os praças que estão nas ruas não querem saber do equilíbrio fiscal do estado. Mas do tiro que poderá lhe atingir. Não interessa ao oficial saber que o contingente da PM é maior do que o da Polícia Civil. Ele deseja o aumento. Pois, faz jus a ele, já “que foram três ou quatro anos de academia”. Lembro que oficias e praças são duas categorias autônomas numa mesma instituição. Portanto, não adianta agradar uma e esquecer a outra. Já se foi o tempo em que oficiais controlavam praças. E que oficiais não faziam greves. Disciplina, infelizmente, só com aumento de salário.
Doutor Adriano Oliveira Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE) Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)
Imagem meramente ilustrativaFonte: www.dinizk9.blogspot.com / blog do sargento ricardo
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