21.7.12

PRA DESESTRESSAR PMs DE PERNAMBUCO, GOVERNO OPTA POR "TREINAMENTO" AO INVÉS DE PAGAR MELHORES SALÁRIOS


Cerca de 300 profissionais de segurança estiveram presentes.
Secretaria de Defesa Social promete organizar novas ações do tipo.

Do G1 PE
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 Cerca de 300 policiais e bombeiros dePernambuco participaram de um treinamento nesta sexta-feira (20), para tentar diminuir o estresse presente na rotina de seus trabalhos. Atualmente, as preocupações e traumas são o motivo de boa parte do afastamento desses profissionais, que lidam diariamente com o risco de morte.

O capitão Rogério Tomaz, por exemplo, está na policia há 18 anos, e lidera a equipe de negociação da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe) há 10. Para lidar melhor com situações extremas, como em casos de negociação de reféns, ele cursou a faculdade de Psicologia. “O estresse faz parte, a gente sente isso na pressão, quando tem que resolver aquela situação. E a gente se cobra para resolver da melhor maneira possível”, comentou.

Coordenador de gabinete de gerenciamento de crises da Secretaria de Defesa Social (SDS), o capitão Ivanildo Torres já precisou atuar em tragédias, como a queda do vôo 447 da Air France, que matou 228 pessoas, e a queda do avião da Noar, em 2011, que resultou em 16 mortes. “Já tive transtornos de ansiedade causados pela vivência e decorrência de eventos traumáticos, que levam as pessoas que vivenciam esse tipo de evento à mudança de comportamento, distúrbios psiquiátricos. Temos que pensar formas de dissipar essa energia”, explicou Torres.
Bombeiro há 14 anos, o capitão Emerson Dias trabalha no grupo de busca e salvamento, e guarda lembranças difíceis e dolorosas, como a enchente de 2010. "'Meu familiar está preso em tal lugar, está em cima de uma laje', eles [as vítimas] diziam. E eu falando que iria ajuda-los na medida do possível, mas éramos poucos, não podíamos estar em cinco, seis lugares ao mesmo tempo”.
O comissário Josafá Batista também gostaria de ter menos lembranças dos seus 26 anos de polícia: “Eu já fui ferido, nas pernas, já tive pistola apontada para o meu ouvido, já tive depressão, pânico, ansiedade, fui para tratamento na divisão de psicologia da Polícia Civil, precisei me tratar, mas hoje estou bem”.
Segundo um levantamento feito pela SDS, atualmente, o Corpo de Bombeiros conta com cinco pessoas de licença por estresse e depressão, enquanto a Polícia Militar tem 13, e a Civil, 30. Esta foi a primeira vez em que 300 agentes foram reunidos para um treinamento integrado, organizado em parceria com a clínica de psicologia Libertas, e com a presença do especialista americano David Berceli, consultor internacional sobre formas de superação de estresse e trauma.

Com a ajuda de um tradutor, o especialista ensinou para os presentes o método que aplica há 15 anos, com várias técnicas para soltar a energia presa na musculatura, devolvendo ao corpo e à mente o equilíbrio e a qualidade de vida. Berceli explicou que a atividade policial é estressante porque envolve casos de risco de vida, e disse ainda que o mecanismo desenvolvido por ele ajuda o corpo a ativar um mecanismo de proteção. “Hoje nós ensinamos como fazer o relaxamento, e ele já traz resultados imediatos. Além disso, sempre que os policiais estiverem em situação de dificuldade, eles podem repetir o processo e continuar reduzindo os níveis de estresse”, disse o consultor.

Para o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, o trabalho deve ser ampliado, a fim de atender mais policiais: “As áreas de recursos humanos já receberam determinação minha para ampliarmos esse tipo de tratamento e capacitação”. Quando perguntado sobre o estresse decorrido da carga horária e baixos salários, ele respondeu que “acabamos de trabalhar com esse problema da carga, principalmente o serviço extraordinário. Nós refizemos todo o desenho do programa de jornada extra, vai ser bem menos estressante e melhor remunerado”, garantiu.
Fonte: g1.com

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