15.2.11

O CELULAR QUE DESVENDOU UM CRIME

Graças a uma gravação feita pela própria vítima de um homicídio, que antes de morrer contou detalhes de como foi baleado, a Polícia Civil conseguiu esclarecer o assassinato e prender o acusado em menos de 24 horas. A versão relatada pela vítima, o vendedor de loja Ivanildo Elias Bezerra de Melo Júnior, 25 anos, registrada no áudio de um celular, acabou sendo confirmada pelas imagens captadas pelo circuito de segurança de uma distribuidora de alimentos, localizada em frente ao endereço onde ocorreu o crime, no último domingo, no bairro da Imbiribeira. No vídeo, o policial militar Roberto Anderson da Silva, 31, aparece atirando em Ivanildo Elias, após uma discussão. O soldado, lotado no 13º Batalhão, foi preso na manhã de ontem pelos policiais do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). O PM resistiu à prisão, tentando se esconder dentro da própria casa, na Vila do Sesi, no Ibura, mas acabou sendo rendido pelos policiais do DHPP.

A gravação no celular foi feita no aparelho do irmão da vítima que osocorreu, inicialmente, na UPA da Imbiribeira. Apesar de ferido, a voz estava sem falhas e áudio foi entregue ao delegado Igor Leite. Segundo ele, o crime teria sido cometido por motivo banal. O soldado, que mantém um relacionamento com a ex-namorada do vendedor de loja, teria discutido com ele por conta de um retrovisor de um carro. A mulher, cuja identidade não foi revelada pela polícia, teria acusado o ex-namorado de ter quebrado o retrovisor do carro dela.

´Na verdade, ela não tinha certeza de que Ivanildo tivesse danificado o acessório, mas mesmo assim, contou para o atual namorado, que resolveu ir até a casa do vendedor de loja e quebrar o retrovisor do carro dele. Quando saiu do apartamento e se encontrou com o casal para saber o que havia acontecido, Ivanildo foi surpreendido com os disparos do militar`, explicou o delegado. Baleado a poucos metros de casa, na Rua General Goés Monteiro, Ivanidlo foi socorrido por parentes, mas acabou morrendo depois de ter sido transferido para a emergência da Restauração, cerca de duas horas depois de receber os tiros. O vendedor foi atingido por quatro disparos na região do tórax e das pernas. 

Segundo o delegado, os tiros teriam sido efetuados com uma pistola calibre 380, que encontra-se registrada no nome do soldado Roberto Anderson. No entanto, o soldado alegou em depoimento ter vendido a arma para um outro policial militar da Paraíba. ´Recolhemos cinco munições deflagradas no local. Tudo indica que o soldado tenha disparado mais de dez tiros. As imagens comprovam o crime`, completou o delegado. 

Ontem pela manhã, quando o delegado chegou à casa do soldado na Vila do Sesi, no Ibura, também apreendeu um revólver calibre 38, sem registro, e munição calibre ponto 50, de uso exclusivo das Forças Armadas. Roberto Anderson foi indiciado por homicídio qualificado, porte ilegal de munição de uso restrito e posse ilegal de arma. O soldado do 13º Batalhão foi encaminhado na tarde de ontem para o Centro de Reeducação da PM, em Paratibe. A PM instaurou processo.

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